quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Eu, o impossível chão

Ex-amor,
Gostaria que tu soubesses
O quanto eu sofri
Ao ter que me afastar de ti.
Não chorei!
Como uma louca eu até sorri,
Mas no fundo só eu sei
Das angústias que senti.

Sempre sonhamos
Com o mais eterno amor.
...mas não deu
Nos desgastamos
Transformamos tudo em dor.

Tudo foi transformado em dor nestes últimos 10 anos.
Tenho lembranças onde eu narrava para os outros com tudo tão florido e bonito, descrevendo sentimentos puros e honestos, mas a lembrança da vivência é outra.
Me lembro de falar que eu era amada, mas me lembro de estar só.
Me lembro de angústias apertando meu peito e minha cabeça atordoada, pensando sempre: E agora?
Dores inenarráveis para o que era dito como o mais perfeito amor.
Era uma noite de sexta, dia 15, no mês do cachorro louco, e eu me achava tão esperta...Era só uma menina de 21 anos.
Eu olho hoje para a minha história  e me sinto tão velha, e de repente talvez eu tenha apenas conhecido um conceito cruel do mundo cedo demais.

De repente, tudo que era admirado virou acusação.
Lembro-me nitidamente de Armênia falando: - Ele tirou sua inocência, Carol.
E eu em mais uma tentativa de conversa, que nunca aconteceu em todo este tempo, sim, nunca aconteceu uma conversa, houve apenas muitos apontamentos e acusações, eu chorava copiosamente e dizia, olha por tudo que eu estou passando, as coisas que eu sinto, o que eu conheci, até Armênia comentou.
Então, cruelmente, ouvi: - E ela queria o que? Que você continuasse aquela idiota que eu conheci?

Idiota? Eu tinha apenas 21 anos, conhecia alguma coisa do mundo, mas não a maldade na sua essência, ninguém sentia tanto prazer em me maltratar.
E eu fui cada dia mais acreditando que eu precisava estar ali, que eu não tinha outra saída, me emaranhei nesta teia, me prendi nela e cada dia mais esta teia foi me sufocando.
Drogas, traições, acusações, ciúmes, condenamentos, arquivos ocultos, fotos, desvio de caráter...
E eu ali, me sentindo culpada, imagina, fui acusada até pela sua mãe, por ela, que deveria te orientar, mas não tinha muito tempo para perceber o que se passava com você, enquanto você conhecia a perversidade.

Perversa, é, uma vez você disse que eu era cruel e perversa, hábito de acusar-me dos seus maus feitos.

Hoje não sou mais aquela menina, aliás, não tenho traço nenhum dela, habituei-me a estar na defensiva sempre. Tenho dificuldade em lidar com as pessoas, faço terapia e veja só, até remédio tive que tomar para me tirar da cama.
Terapia, ah! Te pedi tanto que fizesse uma, chorei para que fizesse comigo, mas o que fizemos juntos? O que plantamos juntos? Nem amigos. Os seus amigos não podiam ser meus amigos. Disse a todos que eu era louca, ciumenta. Não era eu, né? Sabemos que não!
Filmes como O Lenhador, Confiar fizeram parte da minha terapia para que eu entendesse que o problema não é, e nem nunca foi meu, mas mesmo assim doeu.

O que doeu mais? Perceber que não era eu a doente ou perceber que você meticulosamente jogava as suas culpas e horrores para cima de mim?
Não sei! Ainda acho que não é a toda hora que percebo. Ainda estou no processo de me reerguer.
Hoje mais forte que ontem, mas ainda com dores que transcendem meu emocional, sinto no físico. É devagar que se levanta e tenho tido apoios importantes e mais fortes que o seu trator que ainda insiste vir para cima de mim. Sozinha não consigo.

Mas se foi de tudo ruim? Não, não foi. Não repetiria nada, mas aprendi bastante.
É uma fase, uma etapa que está no fim.
Se terá vencedores? Bem, estou reaprendendo a sonhar e me socializar.
Tenho encontrado tranquilidade e paz.
Isso vale mais.

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender.

Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão

É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz

E amanhã se este chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão

E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.

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