segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O diferente do igual

          É um vai e vem de sentimentos, um rebuliço de desejos, uma avalanche de dúvidas.
          Vontade de fazer tudo diferente, vício em fazer tudo igual.
          As angústias saltam o peito, amedrontam o coração, amarguram as lembranças.
          Dúvida! Dúvida! Dúvida!
          De repente eu percebo que o desgaste é desnecessário, é só ter coragem e ir em frente, fazer diferente.
          Desnecessário, mas não tolo, nem fácil.
          Fazer diferente é necessário para resultados diferentes, mas se desvincular do "fazer tudo igual" é um processo que requer quebrar paradigmas, remover o que não serve mais, e se não é fácil com objetos, imagine com sentimentos.

          Dia destes fui indagada por uma amiga, se perguntando se ela seria a mais carente, pois ela sente uma forma de carinho pelas pessoas e não sente o retorno disso.
          Pois é, eu já me indaguei também muito à respeito disso, até que concluí que as pessoas sentem diferente, de maneiras diferente e que há muita superficialidade nas relações, o que traz sofrimento para quem se entrega mais, e com isso causa as dúvidas, as amarguras, os medos.

          Entender não é a questão, mas sim aceitar que o outro é diferente, e neste processo de aceitação respeitar o limite de cada um, de entendimento, de amor, de demonstrações de afeto, de dúvidas.
          Chega ser covarde o uso da superficialidade com as pessoas, o apelo sentimental e a manipulação de quereres.
          Demonstre-se, encare-se.
          Demonstre, encare.
          Acovardar-se, limitar-se em um casulo nada te diferencia dos mentirosos e manipuladores.

Tranquilidade do domingo - Da série "continhos"

         Domingo de manhã e tudo o que você quer é um dia tranquilo, aproveitar o tempo agradável para arejar a cabeça e sem grandes preocupações.
         Eis que, ainda no café-da-manhã, a sua filha de 8 anos resolve desenvolver um diálogo com você, e com a voz suave te chama:
         - Mãe.
         Você, com a doçura de mãe e a tranquilidade daquele dia responde:
         - Oi.
         E quando você acha que vai haver um assunto para desenvolver você ouve:
         - Hoje eu quero fazer uma tatuagem!

         Sem mais, além de olhares, risadas e pensamentos que voam...

domingo, 13 de janeiro de 2013

Este Caio...

          Caio Fernando Abreu indecentemente toma como seus, meus pensamentos.
          Ou serei eu que, imoralmente, tomo como minhas suas palavras?


"São Paulo, 12 de agosto de 1987

Querida mãe, querido pai,
Não sei mais conviver com as pessoas. Tenho medo de uma casa cheia de pais e mães e irmãos e sobrinhos e cunhados e cunhadas. Tenho vivido tão só durante tantos – quase 40 – anos. Devo estar acostumado.

... Dormir 24 horas foi a maneira mais delicada que encontrei de não perturbar o equilíbrio de vocês – que é muito delicado. E também de não perturbar o meu próprio equilíbrio – que é tão ou mais delicado.
Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como “eu gosto de você”. Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida – como quem olha de uma janela – mas não consegue vivê-la.

Amo vocês como quem escreve para uma ficção: sem conseguir dizer nem mostrar isso. O que sobra é o áspero do gesto, a secura da palavra. Por trás disso, há muito amor. Amor louco – todas as pessoas são loucas, inclusive nós; amor encabulado – nós, da fronteira com a Argentina, somos especialmente encabulados. Mas amor de verdade. Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto.

Amo vocês, seu filho,
Caio."

(Caio Fernando de Abreu in Cartas.)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Caixa de fotos

Na primeira noite do ano de 2013 abri minha caixa de fotos para a minha cunhada, minha mãe e minhas filhas.

Valentina:
- Olha a Bia (Sofia)!
risadas
Mamãe:
-Sofia, vem cá!
Mostrando a foto:
- Quem é?
Muitas risadas de Sofia...
Sofia:
- Sou eu, mas eu não me lembro desta foto.
Risadas na mesa.
Mamãe:
- Não, sou eu, quando tinha a sua idade.
Sofia:
- Sério? Quer dizer que quando eu crescer vou ficar assim? Que nem você?
- Que legal! Você é linda mãe!!!
Um abraço, tudo esclarecido. Muita emoção.

Qualquer semelhança não é mera coincidência

Meu Conto de Fadas

          Sim, toda mulher tem um conto de fadas na cabeça.
          Uma música, uma história que viveu, ou que gostaria de viver ou ter vivido.
          Durante muito tempo a minha foi contada com a música do Nando Reis, Por onde andei, e o meu príncipe da época nem gosta do Nando.
          Esta letra para mim seria o pedido de desculpas ideal, era o que eu queria ouvir, era como eu queria que voltasse, era o reconhecimento que eu achava merecido.
          Afinal, quem não quer ser tudo aquilo que faltava? Quem não sonha com a volta do grande amor?
          Mas foi...

          Também já disse que na minha bodas de ouro a música seria Selin, do Raimundos, afinal era o som que nos fazia rir e nos identificar.
          Também foi...

          Poucos amores, tantas dores, muitas lembranças, várias risadas, histórias infinitas.
          Cada vez que ouço uma destas músicas lembro das fases, mas há tantas outras fases, quantas outras paixões e muito mais músicas.

          Sou uma mulher de sorte, que viveu, amou, chorou, sorriu e está vivendo.
          Tenho até músicas compostas especialmente para mim, sim, músicas, no plural. E dentre elas há uma verdadeira obra-prima, que fez parte de um conto de fadas, mas todo conto de fadas tem seu fim, que continuam acontecendo depois do felizes para sempre.
          Porém em outros livros há novas histórias para se contar, seja um conto de fadas, romance, comédia...nunca se sabe, até que se chegue ao fim.
          É sempre difícil fechar a contra-capa de um livro marcante, sentimos falta, por vezes voltamos a folear.
          Mas acabou, chegou ao fim.
          Hoje não vivo um conto de fadas, talvez aconteça um outro, talvez não, o importante é continuar escrevendo, sem repetir as histórias, apenas vivendo, aprendendo, alegrando-se, deixando acontecer, com começo, meio, sem esperar o fim, apenas consciente que se chegar há de se abrir um outro livro para escrever.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Reconstruindo

          2013 começa a acontecer, 2012 enfim chegou ao fim. Ufa!
          O mundo não acabou, mas eu quase. Que ano!
          Em alguns momentos eu cheguei a achar que não superaria, mas superei, com uma grande lição e mudança, nos 45 do segundo tempo.
          É difícil. Viver é difícil! Apenas para quem tem coragem.
          Muitas risadas de alegria, de desespero. Outros tantos choros desesperados de alegria e tristeza.
          Se cada sentimento tem trazido aprendizado do tamanho de um grão de areia, tem trazido coisas grandiosas.
          Evoluir, se livrar de velhos padrões, tudo tão trabalhoso e doído.
          Por vezes somos mal tratados, pela vida, pelas pessoas e mesmo isso se torna um padrão de comportamento, e mesmo isso não é fácil mudar, mas é preciso coragemé preciso saber viver, é preciso amar, perdoar e continuar. Se perdoar.
          Pra isso vem um novo ano, novos dias, novas chuvas, e o mesmo sol, que brilha igual para todos, devemos aproveitar sua luz. Acredito em uma Nova Era, em um bom recomeço, em mais respeito, compreensão e amor.
          Caminhando, pedalando, continuando o processo da vida, encontrando a felicidade e paz, principalmente a interior.
          Viva 2013, Viva cada dia que nos traz uma oportunidade de sermos melhores, sobretudo para nós mesmos.
         No balanço que faço que há alguns anos, que inconscientemente começo em meados de dezembro, percebi quantos padrões de sentimentos me acompanham, mas os deixo para 2012 e o que veio antes dele, de agora em diante se eu não puder desejar o bem, desejo não desejar.
          Se não me fizer bem, desejo não desejar.
          Se não vier por bem, desejo não desejar.
          Se não acontecer para o bem, desejo que não aconteça.
          Desejo não ter que cobrar verdades, pois não desejo mentiras.
          Desejo não cobrar amor, pois não desejo desamor.
          Desejo não rir desesperadamente, nem mesmo chorar assim, pois não desejo descontrole.
          Desejo não apontar, pois não desejo julgar.
          Desejo encarar a vida.
          Desejo encontrar me encontrar com coragem.
          Desejo viver o presente.
          Desejo aprender com o passado.
          Desejo que o futuro aconteça apropriadamente no seu tempo.
          Desejo ganhar as batalhas, enquanto aprendo a vencer ou perder com dignidade as lutas.
          Desejo ser firme.
          Desejo ser forte, mas saber me envergar quando for preciso.
          Desejo mais beijos.
          Desejo mais carinhos.
          Desejo mais abraços.
          Desejo mais amor.
          Desejo boa música.
          Desejo sorte.
          Desejo amigos.
          Desejo harmonia.
          Desejo sabedoria.
          Desejo paz.
          Desejo amadurecimento.
          Sobretudo desejo agradecer à Deus, que esteve presente este ano, agradecer à minha família, filhas, irmãos, mãe, cunhada, sobrinhos (Dostoiévski que irá nascer e Nirvana que veio de pára-quedas), algumas queridas primas, meu tio e minha tia, também agradeço aos amigos que abraçam, beijam, conversam, compreendem, amigos que ficam online, sem nunca ter olhado nos teus olhos, mas te compreendem, admiram, amigos que há muito não tem a oportunidade de se olhar nos olhos, mas não se esquecem, amigos que ligam, amigos que deveriam ligar mais.
          Agradeço a estas pessoas por terem feito parte de uma maneira tão importante do meu ano.
          Quem me acompanha mais de perto sabe como são poucas estas pessoas, mas o quanto cada uma delas é importante nesta minha caminhada, neste meu processo de amadurecimento tão dolorido, mas tão necessário para que se vá o mal hábito, o mal trato.
          Neste meu recomeço, nesta reconstrução.
          Sou grata pelos ouvidos, pelas duras, pelos olhares compreensivos.
          Sou grata por ter descoberto minha família perto de mim.
          Que venha 2013 com todo seu resplendor, iluminando, revelando, despindo, sentindo, sorrindo, carinhando.
          Que aconteça 2013!