quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Telefone - Da série "continhos"

     A namorada acorda pensando no namorado e passa parte do seu dia pensando dele.
     O primeiro pensamento ao acordar foi em dedicar uma música a ele e ao seu amor.
     Ela está mais apaixonada do que antes.
     Ela sonha acordada e mantém o sorriso "de nada" estampado no rosto.
     Suspira!
     Percorre seu repertório musical, mas nenhuma música parece ser boa suficiente para dedicar-lhe.
     Depois de algum tempo pensa: - Vou concluir esta tarefa e ligar para ele.
     Faz sua tarefa e a conclui com entusiasmo.
     Disca sem disfarçar, ou querer disfarçar a excitação de ouvir a voz do amado, seu coração palpita e do outro lado da linha ele atende:
     - Alô.
     E ela com a voz doce:
     -Oi meu amor, tudo bem?
     Ele, sem mais delongas:
     -Tudo.
     Ela insiste na voz doce:
     -Tá podendo falar?
     Ele com o mesmo tom de antes:
     -Sim.
     Ela então, radiante e doce diz:
     -Liguei porquê queria ouvir a sua voz.
     E ele, com o tom anterior:
     -Ah, tá.
     -E as meninas estão bem?
     Ela, já com a voz murcha responde: 
     -Estão.

     47 segundos depois, ligação finalizada.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Dói, porquê dói!

     Porquê doeu de novo.
     Dói em quem apanha, sempre.
     Dói mais de uma vez, dói exagerado, dói com traumas.
     É tão difícil lidar com os nossos traumas, o que dirá os que não são nossos, é desconfortante.
     É cômodo engolir seco e dar as costas para o que não é nosso, dói menos, bem menos.
     Mas o tempo não volta minha gente, e a marca, a marca fica ali para sempre, ás vezes com a dúvida, ás vezes com a dor, ás vezes cicatrizada, mas toda cicatriz é frágil.
     Fragilidade, que palavra frescurenta, de mulherzinha!
     Que palavra sensível!
     Sensibilidade, é preciso fragilidade para tê-la!